Paralisação de quatro dias na próxima semana pode ser uma das maiores da história da companhia. Pilotos acusam empresa de transferir cada vez mais voos para subsidiárias, onde colegas ganham menos.
Os pilotos da companhia aérea alemã Lufthansa anunciaram uma greve de quatro dias a partir da próxima segunda-feira (22/02). A paralisação promete ser a maior desde 2001, anunciou o sindicato alemão de pilotos de aviação, Cockpit.
A greve vai afetar os voos de passageiros e de carga e também deixará no solo os aviões da Germanwings, subsidiária da Lufthansa, numa greve que poderá provocar caos em aeroportos não só na Alemanha, como no tráfego aéreo europeu e em aeroportos de outros continentes.
O protesto deve criar tantos ou até mais problemas aos passageiros do que a greve de 2001, quando os pilotos cruzaram os braços por três dias, causando prejuízos de 200 milhões de euros.
Cerca de 4 mil pilotos da empresa alemã devem iniciar a paralisação à meia-noite de domingo e recomeçam os trabalhos nas primeiras horas da sexta-feira, horário alemão. "O apelo à greve será dirigido a cerca de 4 mil pilotos", disse Ilona Ritter, do Cockpit.
Não foram divulgados que voos devem ser afetados, mas as aeronaves que estiverem no exterior no momento do início da greve ainda devem retornar à Alemanha.
Greve em momento difícil para a empresa
A greve vem em um momento difícil para a maior companhia aérea da Alemanha, que iniciou um grande programa de corte de custos para reduzir gastos em pelo menos um bilhão de euros até o final de 2011.
A medida visa compensar a recente queda no número de passageiros. Além do programa de corte de postos de trabalho em suas linhas de passageiros, a Lufthansa tem um plano de aposentadoria voluntária na sua unidade de transporte de carga.
A Cockpit havia dito em janeiro que os pilotos aceitavam o congelamento dos salários em troca de garantias de manutenção de postos de trabalho, mas as negociações com a administração da companhia não chegaram a um consenso.
O analista do banco alemão LBBW, Per-Ola Hellgren, avalia que uma greve na companhia de aviação alemã agora pode significar perdas operativas diárias de mais de 10 milhões de euros, devido aos voos cancelados.
Além de aumento de 6,4% nos salários durante os próximos 12 meses, é reivindicada também a manutenção dos postos de trabalho dos pilotos. Eles acusam a Lufthansa de empregar em suas linhas cada vez mais aviões de subsidiárias, como a Brussels Airlines e a Austrian Airlines. Os pilotos dessas companhias adquiridas pela Lufthansa ganham até 25% a menos do que os colegas da matriz alemã.
Em comunicado, a Lufthansa apelou ao sindicato para "voltar à mesa das negociações", acusando a greve de ser "desproporcional", afirmando, entretanto, que as atuais exigências dos pilotos "não podem ser satisfeitas". A companhia alemã, que transportou 55,6 milhões de passageiros em 2009, é uma das maiores empresas aéreas da Europa, ao lado da Air France-KLM e da British Airways.
18.02.2010
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