terça-feira, 11 de maio de 2010

França vai inaugurar monumento em memória às vítimas do voo 447

A França vai inaugurar um monumento em homenagem às vítimas do acidente com o voo 447 da Air France, que matou 228 pessoas - o avião Airbus A330 caiu no oceano Atlântico no dia 1o de junho de 2009, quando fazia a rota entre Rio de Janeiro, por razões ainda desconhecidas. O memorial, muito parecido com o inaugurado no Rio no ano passado, vai ficar no tradicional cemitério Père-Lachaise, em Paris, onde estão enterradas personalidades como o romancista Honoré de Balzac (1799-1850), o compositor Frédéric Chopin, (1810-1849) e Jim Morrison (1943-1971), vocalista da banda The Doors. Dados da prefeitura da capital francesa indicam que a Air France vai pagar 87,8 mil euros (R$ 200 mil) para instalar o monumento, feito de material transparente, em que vai haver 228 aves desenhadas, em referência às vítimas. John Clemes, vice-presidente da associação Ajuda Mútua e Solidariedade AF 447, que representa as famílias de cerca de 60 pessoas mortas no acidente (a maior parte franceses), diz que esse tipo de homenagem é importante para que o acidente não seja esquecido e as autoridades continuem empenhadas em achar explicações para a tragédia.  Atualmente, as equipes de resgate ainda tentam encontrar as caixas-pretas do Airbus, consideradas essenciais para que uma resposta seja obtida. As caixas-pretas registram todos os dados técnicos de um voo, incluindo as conversas na cabine. O BEA (Escritório de Investigações e Análises), órgão responsável pela análise técnica do caso, considera que o mau funcionamento das sondas Pitot (sensores de velocidade) do avião foi um dos fatores que causaram o acidente, mas isso ainda não explica tudo. Apesar de representar principalmente as famílias de vítimas francesas, Clemes é irmão do único canadense morto na tragédia, Brad Clemes, um executivo da Coca-Cola que não tinha nenhuma intenção de estar naquele voo. Brad, que vivia em Bruxelas (Bélgica) com a mulher e dois filhos, havia viajado ao Brasil no dia 31 de maio para participar de um seminário. Entretanto, foi impedido de entrar no país por estar sem o visto – o irmão diz que ele não sabia dessa exigência para canadenses. Teve de voltar à Europa e embarcou no voo 447. A família Clemes está entre as que não conseguiram fazer um enterro formal, já que o corpo de Brad não foi encontrado – apenas 50 vítimas foram resgatadas, sendo 20 brasileiros e 30 estrangeiros. Por causa disso, foi realizada apenas uma cerimônia em memória dele, em Guelph, no Canadá, onde nasceu. No escritório de sua empresa de investimentos, localizado em uma área nobre de Paris, quase em frente ao Palácio do Eliseu, sede do governo francês, John ainda guarda sobre a mesa uma foto do irmão.
- Eu não quero esquecê-lo. Eu acho que não o esqueceria de qualquer forma, mas isso ajuda.

Famílias têm até dois anos para entrar na Justiça

A associação foi fundada em setembro do ano passado, três meses após o acidente, com o objetivo de dar aconselhamento legal às famílias e também “fazer barulho” em torno do assunto, para que as investigações continuem. Naquele momento, havia uma insatisfação com o ritmo do trabalho e o fato de o BEA ter encerrado as buscas pelas caixas pretas. Depois de protestos, essa procura foi retomada e vai durar ao menos até o dia 25 de maio. Clemes diz que é importante que se chegue a uma conclusão sobre o assunto para que as famílias possam assimilar a perda.

- Isso deve aliviar a dor, ajudar as pessoas a assimilar a situação, o que é muito difícil para certas famílias, já que não sabemos qual foi o problema, onde o avião está, como os passageiros viveram aqueles últimos quatro minutos.

Um ano após o acidente, é difícil saber quantas famílias entraram em acordo com a Air France a respeito de indenizações, já que as negociações são sigilosas, mas, para o empresário, agora é o momento de começar a conversar. Pela lei francesa, os representantes das vítimas têm até dois anos após a tragédia para entrar com ações na Justiça, caso não seja fechado um acordo com a empresa aérea.

- A maioria das famílias vai sentar logo para conversar, para ter tempo de negociar o acordo. É horroroso pensar que você vai ganhar um cheque porque perdeu uma pessoa querida, mas todos têm direito, pela lei, a uma compensação.

Entenda como foi o acidente

O Aibus 330 da Air France que fazia o voo 447 Rio-Paris caiu no oceano Atlântico, numa região próxima à Ilha de Fernando de Noronha (PE), em 31 de maio de 2009. No acidente, 228 pessoas morreram, sendo 216 passageiros e 12 tripulantes. Por volta das 23h do dia 31, a aeronave enviou uma mensagem automática de pane para as torres de comando aéreo após passar por uma tempestade. Logo depois, o avião desapareceu dos radares brasileiros. No dia seguinte, a Air France confirmou oficialmente o desaparecimento do Airbus e deu início às buscas. A queda do avião no oceânico Atlântico só foi confirmada pelas autoridades dois dias depois do acidente, mas os primeiros destroços só foram encontrados no mar no dia 3 de abril, mesmo data em que a Air France divulgou os nomes dos brasileiros que estavam no voo. Não houve sobreviventes do acidente. Os corpos encontrados e os destroços do Airbus foram resgatados do mar pela Aeronáutica e equipes de ajuda internacional. Até hoje, a caixa preta do avião, equipamento que registra todos os movimentos e fatos ocorridos dentro do aeronave, não foi encontrada. As causas do acidente com o voo são investigadas. Ninguém ainda foi responsabilizado.

11-05-2010

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