Viajar pelo céu da Amazônia é uma aventura arriscada. A cada mês, duas aeronaves de pequeno porte caem na região. A média de acidentes, de um para cada 68 aviões mono ou bimotores cadastrados, é um terço maior do que a média nacional. Como os aviões clandestinos, de traficantes, contrabandistas e garimpeiros, não são contabilizados, a cifra provavelmente é bem maior do que a registrada nas estatísticas oficiais. "A Amazônia é uma região muito perigosa para os aviões pequenos", afirma o major Rubens Franco, do Serviço Regional de Aviação Civil de Manaus. Mais inacreditáveis do que os números de acidentes são as histórias contadas pelos sobreviventes dessas tragédias que raramente aparecem no noticiário. São pilotos e passageiros que ficaram dias perdidos na selva, foram perseguidos por onças e outros animais selvagens e resistiram comendo raízes, folhas ou carne crua. O principal motivo da pouca segurança do tráfego aéreo na Amazônia é a falta de radares, outro problema importante é a falta de manutenção dos aviões. Como os vôos na Amazônia geralmente são de longa duração, entre duas e quatro horas, as aeronaves sofrem ainda mais com a displicência na conservação. Sem a manutenção adequada, o avião não suporta grandes esforços e pode apresentar falhas mecânicas durante a viagem. Convivendo com o perigo, os pilotos que trabalham na Amazônia desenvolveram um código não escrito de procedimentos básicos diante de um acidente. Quando percebem que a queda é inevitável, empinam o bico e direcionam a barriga do avião para a copa das árvores com o objetivo de reduzir o impacto do choque.
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