terça-feira, 9 de agosto de 2011

Exposição Aviões e máquinas voadoras reúne obras vencedoras de concurso mundial




Para os desconfiados de plantão, vale um aviso: muito além de um forma de arte ou elemento de humor, os cartuns têm o destino manifesto de provocar o efeito crítico. Isso em qualquer assunto, em qualquer ocasião ou momento histórico. "O cartum cumpre uma função essencial nas democracias. O lápis dos cartunistas é como um bisturi atento aos desvios do poder, aos preconceitos, às discriminações e às contradições e perplexidades do ser humano. Tem um valor humanístico e é um bom barômetro das sociedades. Os poderosos normalmente detestam os humoristas porque eles revelam o que o poder quer esconder. É pela sátira da coisa pública, política ou não, que o humorista gráfico se torna incômodo às consciências menos tolerantes, menos democráticas. Alguns têm sido presos, julgados e até mortos pela sua intervenção crítica. É , por vezes, uma arma demolidora", acredita Luiz Humberto Marcos, diretor do Museu de Imprensa de Portugal. 

De hoje a 16 de setembro, o Espaço Chatô (na sede do Correio Braziliense) recebe a exposição Aviões e máquinas voadoras, vinda diretamente da instituição portuguesa para Brasília, depois de passar por Espanha, França, Argentina e México. No Brasil, o roteiro já incluiu Caxias do Sul (RS) e Piracicaba (SP). Vencedoras do concurso mundial, as obras versam sobre o meio de transporte aéreo enquanto prestam uma homenagem à Passarola, invenção do padre brasileiro Bartholomeu Lourenço de Gusmão. No século 18, Gusmão voou a bordo de uma máquina movida a vapor e foi um dos precursores da aviação. Do fato histórico, percebe-se que brasileiros têm vocação para voar, assim como padres gostam de altura há muito tempo. 

Quem quiser pode acessar os trabalhos dos cartunistas disponíveis no site http://www.cartoonvirtualmuseum.org. Porém, a interação entre obras físicas e observadores presentes, aquilo que o teórico Walter Benjamim (1892-1940) chamou de "aura" de obras de arte materiais, ainda guarda um certo charme. "Os museus virtuais ganham um interesse cada vez maior. Eles contribuem para a deselitização da cultura, mas não anulam a função dos ‘museus físicos’. Apesar do poder crescente de simulação das tecnologias, as exposições reais continuam a ter grande atração. E não vão perder interesse", resume o diretor.
09-08-2011 

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