O ano era 1942, mais precisamente dia 31 de Agosto. Esta foi a data em que o Brasil declarou guerra ao Eixo se tornando mais um dos aliados no conflito mundial. Até então a formação dos aviadores da nossa Força Aérea era realizada nas escolas regulares da ativa em um período médio de 3 anos, mas a partir de então, muito em razão da necessidade, isso iria mudar.
Mas antes, voltemos um pouco no tempo apenas para sinalizar outros dois momentos importantes sem os quais este último, do qual ainda falaremos, estaria por demais impossibilitado. São eles a criação do Ministério da Aeronáutica em 12 de Dezembro de 1941, surgindo com ele a FAB, e do CPORAer, que se tornou grande responsável pela formação da reserva. Estava assim constituída uma nova força, sob conceitos modernos, que inclusive firmaria parcerias de treinamento junto aos EUA para a formação de novos pilotos e especialistas, estes oriundos do CPORAer e integrantes da reserva.
Retomando a história, através dessa parceria os Aspirantes da Reserva passaram a ser enviados à bases nos EUA para realizarem seu treinamento, que ao invés dos então 3 anos passava a ser de 9 meses ao final dos quais, quando aprovados, retornavam ao país para se incorporar à FAB como convocados, recebendo nas ombreiras o brasão (Gládio Alado) na cor branca, que visualmente os diferenciava face aos oficiais da ativa e sua cor preta. Surgia assim os chamados Asa Branca.
"A asa branca que portava sobre os ombros e a Silver Wing americana pregada no peito eram meu orgulho. No Brasil, recebi a Asa Dourada da Força Aérea Brasileira. É fácil imaginar como me sentia importante. Falo também pelos Asa Branca. Todos nós, da reserva, éramos, sem dúvida, uma parcela importante da FAB e isso constituía tudo para os moços do Asa Branca." (Carlos A.B. Moreira Lima in. Os “Asa Branca”, 1987, p.16)
Mas para chegar a esse estágio era antes necessário passar pelas agruras de um curso extremamente difícil, dado o grau de excelência sempre tido como meta na formação dos pilotos e especialistas da força aérea e da marinha norte-americanas e, também, por se encontrarem longe de casa, em um país estranho, tendo que absorver novos costumes e muitas vezes passando dificuldades com a língua inglesa. A formação dos aviadores passava assim por quatro fases: pré-vôo, primário, básico e avançado. O número de reprovações tanto para os americanos quanto para brasileiros (que percentualmente tinham o mesmo aproveitamento durante o curso) costumava ser grande já nas duas primeiras fases, quando se separava dentre todo o grupo aqueles que tinham aptidão para o vôo, reduzindo-se a partir de então e tendo início o que poderíamos chamar de lapidação dos aviadores. Cabe ressaltar que aos reprovados era dada a opção de serem encaminhados para os cursos de formação de oficiais especialistas, também nos EUA, realizados nas grandes universidades do país que passaram a servir ao esforço de guerra. Com isso os Asa Branca foram compostos não apenas por aviadores, mas também por especialistas, ambos gabaritados nos mais avançados centros de treinamento.
Mas para chegar a esse estágio era antes necessário passar pelas agruras de um curso extremamente difícil, dado o grau de excelência sempre tido como meta na formação dos pilotos e especialistas da força aérea e da marinha norte-americanas e, também, por se encontrarem longe de casa, em um país estranho, tendo que absorver novos costumes e muitas vezes passando dificuldades com a língua inglesa. A formação dos aviadores passava assim por quatro fases: pré-vôo, primário, básico e avançado. O número de reprovações tanto para os americanos quanto para brasileiros (que percentualmente tinham o mesmo aproveitamento durante o curso) costumava ser grande já nas duas primeiras fases, quando se separava dentre todo o grupo aqueles que tinham aptidão para o vôo, reduzindo-se a partir de então e tendo início o que poderíamos chamar de lapidação dos aviadores. Cabe ressaltar que aos reprovados era dada a opção de serem encaminhados para os cursos de formação de oficiais especialistas, também nos EUA, realizados nas grandes universidades do país que passaram a servir ao esforço de guerra. Com isso os Asa Branca foram compostos não apenas por aviadores, mas também por especialistas, ambos gabaritados nos mais avançados centros de treinamento.
Retornando ao Brasil e incorporados ao quadro dos convocados eram encaminhados às frentes de batalha. Assim muitos assumiram seus postos nas bases do litoral brasileiro cumprindo missões de apoio a comboios norte-americanos e de patrulha do mar territorial, escaneando nossas águas à procura de embarcações de guerra inimigas, em especial submarinos alemães. Aqui cabe inclusive destacar que o único afundamento comprovado de um U-199 no nosso litoral teve a participação de dois Asa Branca, que após o primeiro ataque realizado por aeronaves tripuladas por norte-americanos continuaram a investida com um Lockheed Hudson pilotado pelo Asp. Av. Sérgio Schnoor e um PBY Catalina pilotado pelo também Asp. Av. Alberto Martins Torres, que tomou prisioneira a tripulação do submarino. Outros Asa Branca também ajudaram na formação do famoso 1º Grupo de Aviação de Caça, o “Senta a Pua”, participando do conflito nos céus europeus. Terceiro, mas não menos importante, passaram a integrar o quadro de instrutores do CPORAer ajudando na formação de novos aviadores.
Findo o conflito em 1945, iniciou-se a desconvocação dos Asa Banca, mas não terminaram aí suas contribuições para a aviação. Alguns ainda seguiram carreira na FAB, mas muitos aproaram rumo à aviação comercial e, devido à sua formação, foram prontamente admitidos pelas grandes companhias aéreas nacionais e internacionais, destacando-se entre as brasileiras a Panair do Brasil, sem contar todos aqueles que retornaram para suas cidades natais seguindo outras carreiras e contribuindo de alguma forma para o desenvolvimento das mesmas. Se por um lado aquele Gládio Alado na cor branca teve um período breve na FAB, o tempo de serem convocados ao serviço e realizá-lo, foi o suficiente para marcar uma página da sua história, uma história formada por jovens que deixaram para trás tudo e todos, abnegando boa parte de suas vidas em busca de um sonho maior. Nas palavras do ex-Ministro da Aeronáutica, Ten. Brig. do Ar Octávio Júlio Moreira Lima, “se atiraram a um tresloucado sonho de ser, no mínimo, passarinho; com ventos propícios, quem sabe, tornar-se-iam águias.”
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