Trinta e um de outubro de 1944, “contato companheiros… lancemos o roncar da hélice a girar!” O avião de caça era um P-47/Thunderbolt, para variar de fabricação estrangeira. A nação não produzia como ainda hoje não fabrica as aeronaves de combate para seus aviadores. Mas na cabine, examinando o painel, checando a carga das bombas, vistoriando as metralhadoras, manejando o manche, está um piloto audaz, agressivo, competente, é o seu batismo de fogo nos céus da Itália: esses americanos vão se admirar do que ele pode fazer com suas máquinas aladas de combate! “Vamos filhos altivos dos ares… vamos nuvens e céus enfrentar!” Foram apenas dez dias, é de admirar, voando integrados `as formações de comando norte-americano. No dia 11 de novembro, o 1º Grupo de Aviação de Caça se supera, passando a voar em esquadrilhas constituídas exclusivamente por pilotos da FAB, batendo alvos próprios.
De outubro de 1944 a maio de 1945 foram 445 missões de combate. No efetivo de 350 integrantes estavam inclusos os 49 aviadores/pilotos de combate mandados ao Teatro de Operações do Mediterrâneo que, ao final de pouco mais de seis meses em missões de guerra, estavam reduzidos a apenas 23. O filme se assemelha com o que estamos vendo agora com a novela da modernização da Força Aérea: o governo da república, como só em ser, não enviou reposições suficientes para os nossos “ases” abatidos na luta. Todavia, mesmo com a capacidade operacional quase comprometida, nosso aguerrido 1º Grupo de Aviação de Caça continuava a dizer ao que fora, sem diminuir o número de missões diárias, com nossos “falcões” voando em duas e até três missões no mesmo dia. Que os verdadeiros brasileiros se orgulhem, eles verdadeiramente “sentaram a pua”: somente no curto período de 23 dias, de 6 a 29 de abril de 1945, o XXII Comando Aerotático/USA atribuiu oficialmente à nossa Força Aérea Expedicionária nada mais nada menos do que: 15% das viaturas destruídas, 28% das pontes desmanteladas; 36% dos depósitos de combustível danificados e 85% de depósitos de munições atingidos. Sua operacionalidade foi de tal envergadura que o governo americano galardoou o grupo com a “Presidential Unit Citation”, condecoração só concedida às unidades que se distinguiam pelas demonstrações de heroísmo, determinação e espírito de corpo no cumprimento de missões sob extrema dificuldade e condições de perigo. Estamos agora em outubro de 2011, são passados 67 anos, o espírito de corpo de nossos pilotos da caça continua o mesmo. O mesmo sangue frio, a mesma coragem, a admirada agressividade e a reconhecida noção de cumprimento do dever. E não apenas pilotando os jatos, se bem que já capengas e mesmo remendados que a nação lhes destina. Quem assistiu à demonstração da Esquadrilha da Fumaça que o diga. Todos viram, quem foi à parada do “7 de Setembro” em Brasília, era o enceramento do desfile. Extasiadas as crianças e os jovens, maravilhados os adultos, apressadas algumas autoridades em se retirar do palanque presidencial, entediadas. Todavia, aquele drapejar de perícia e de audácia em aviões, deve ser dito, ainda movidos à hélice como o velho P-47 foi de arrepiar o sentimento de brasilidade. Com certeza, nossos rapazes naquele momento eram os mesmos heróis redivivos do veterano 1º Grupo de Aviação de Caça que desceu o “chicote” nos arrogantes soldados nazistas. De qualquer forma, não há como não lamentar: aqueles inigualáveis capitães e tenentes, aviadores entusiasmados, é de pasmar, além de ganharem menos do que os ascensoristas do Congresso Nacional, ainda não estão pilotando os caças de última geração prometidos pela politicalha nacional. Nossos governantes e parlamentares, chega-se às raias da mediocridade irresponsável, estão muito mais preocupados em administrar os dividendos do pré-sal do que, primeiro e muito mais importante, assegurar os meios de defesa compatíveis para garantir ao país a posse de tamanho manancial de riquezas. “Mas se explode o corisco no espaço ou a metralha na guerra a rugir… não nos faz o perigo fugir!” Eles vão estar lá. Nossos pilotos de combate quando chamados, que não se duvide, eles vão estar lá! Assim como aconteceu com os aviadores argentinos nas Malvinas, a maioria deles vai ser sacrificada em seus “caixões voadores”, até que a mesma politicalha infame jogue a toalha colocando a nação de joelhos! Nesta hora, cuidado, eles e seus assemelhados não vão perdoar os maus brasileiros que os traíram!
- Correio do Brasil
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